A ansiedade tem solução
É inegável o impacto e a prevalência que as perturbações de ansiedade têm nos nossos dias e, seguramente, nos próximos anos no domínio da saúde mental, na saúde em geral e na vida das pessoas. É um tema incontornável em que a falta de tempo e o stress diário não ajudam a diminuir o seu impacto. É preciso falar dela porque só assim a conhecemos melhor e conseguimos lidar com os seus efeitos negativos.
Se por um lado sentir ansiedade é normal em determinadas situações, porque ficamos mais alertas e focados, quando esses sentimentos nos sobrecarregam e esmagam durante longos períodos de tempo afetando o nosso desempenho, o dia-a-dia complica-se. E manifestam-se as consequências no nosso corpo nos nossos pensamentos, nas nossas emoções e nas relações com os outros. Em suma, na nossa vida. Muitas vezes com a sensação de que ficamos sem controlo, que vamos morrer ou enlouquecer.
Cada um de nós responde à ansiedade de forma diferente: algumas pessoas experienciam ataques de pânico sem razão aparente, enquanto outras desenvolvem, por exemplo, a fobia de sair de casa. Não raras vezes, em consulta aparecem situações em que as pessoas se isolam em casa, da família e dos amigos e ficam entregues a pensamentos obsessivos ou comportamentos compulsivos.
Saiba que não é o único a passar por estas situações. E também não é sinal de fraqueza ou inferioridade. É um problema de saúde que afeta pessoas de todas as idades.
Quando não conseguir sozinho lidar com os sentimentos e consequência deste problema na sua vida, pedir ajuda é o primeiro passo. Existem soluções terapêuticas eficazes. Um Psicólogo/a pode ensinar-lhe estratégias que o ajudem a gerir a ansiedade e também o stress.
Entretanto, não se esqueça das coisas que pode ir fazendo para lidar com os seus sentimentos:
Concentre-se no presente
Quando vivemos no passado, quando visitamos constantemente memórias antigas e, na maior parte das vezes, dolorosas, esta atitude deixa-nos num estado mais depressivo e infeliz. E o mesmo em relação ao futuro. Focar a sua atenção no aqui e agora, no momento presente pode ajudá-lo: se estiver a trabalhar, se estiver a preparar uma refeição, se estiver a fazer compras, se estiver a cuidar das suas plantas, se estiver a arrumar a casa… conecte-se nas atividades que está a fazer.
Tente ver as situações com outro olhar, numa perspetiva diferente. Muitas vezes chegam à consulta pacientes que estão num emprego que não gostam. Desafio-os sempre a responder a esta pergunta: que recursos posso retirar daqui que me possam ajudar a ficar mais perto daquilo que gostaria de fazer? Não deixe que situações e pensamentos mais negativos o paralisem e mantenham num lugar onde não consegue ver uma saída.
Tente encarar as situações de forma mais positiva.
Crie um espaço e um momento diário de relaxamento
Pense sobre os aspetos positivos do seu dia e faça uma lista das coisas boas que aconteceram.
Aproveite o momento e projete-se no futuro de forma positiva.
Aprenda técnicas de relaxamento (como o relaxamento progressivo, o Yoga, a respiração diafragmática, por exemplo): algumas técnicas de relaxamento ajudam a manter o equilíbrio e a evitar o esgotamento físico e mental, prevenindo quadros mais complexos.
Identifique aquilo que pode fazer ou alterar dentro da sua esfera de ação e invista aí os seus esforços e recursos. Não se concentre no que não pode resolver, porque se não pode resolver… resolvido está. Deixe cair. Aceite que não é possível controlar nem resolver tudo. Não gaste energia naquilo que não pode nem depende de si mudar.
Invista os seus esforços naquilo que pode controlar
Faça do exercício físico um hábito
Nesta altura, se algum dos meus pacientes estiver a ler este artigo, com certeza pensará algo como “lá vem ela outra vez com a história de fazer exercício”. E venho mesmo! Se quer ter uma vida com mais saúde, física e mental (que andam de mãos dadas) comece pelos seus passos e mexa-se.
Escolha um tipo de exercício que goste e que possa fazer (porque caso contrário a probabilidade é desistir), estabeleça objetivos pequenos e realistas considerando a sua disponibilidade. Os resultados podem não ser imediatos, mas certamente, verá que se tornam mais fáceis de atingir se criar esta rotina.
Esteja atento a estes ou outros sintomas de ansiedade:
Tenho dores de barriga e vontade de vomitar.
Sinto o coração a bater muito rápido e tenho medo de ter um ataque cardíaco.
Estou constantemente preocupado com o que os outros vão pensar de mim.
Tenho pensamentos que me fazem sentir mal. São obsessivos e não sou capaz de os parar.
Tenho dificuldade em dormir e em concentrar-me.
Evito pessoas e lugares que são difíceis para mim.
Se pudesse ficava sempre no meu quarto.
Estou constantemente irritado. Tenho de fazer as coisas bem e às vezes não consigo.
Tenho um medo excessivo de falhar e penso sempre o pior.
Sofro por antecipação e isso limita o meu dia-a-dia.
Lembre-se:
– de forma gradual, precisa enfrentar as situações que lhe causam ansiedade. Evitando-as não ajuda a resolver o problema e pode mesmo torná-lo maior.
– o consumo de álcool, as compras, o jogo não são soluções para resolver as emoções e pensamentos que o deixam ansioso. Apenas agravam o problema e a sua saúde.
Procure ajuda!