Será que devo procurar ajuda

Todos nós, algures na nossa vida, já lidamos com experiências ou sentimentos difíceis, que interferem no nosso dia-a-dia e nos fazem suspender projetos e sonhos, adiar objetivos. Todos nós passamos por conflitos e incertezas que nos afetam de forma mais ou menos intensa. E a nossa história pode condicionar a maneira como olhamos para essas situações e como nos comportamentos. Afinal, somos o resultado de tudo o que vivemos, amamos, aprendemos, pensamos.

Se não conhecermos o impacto que a nossa bagagem interna tem no nosso dia-a-dia, nas nossas decisões e escolhas, reagimos a esses acontecimentos com os gatilhos que sabemos ativar, mas sem perceber muito bem por que o fazemos.

Sim, pedir ajuda é um importante, não só para saber lidar com os seus problemas e dificuldades como também para promover o autoconhecimento. Não só para perceber os conflitos que causam sofrimento como também para que entenda e tenha consciência dos padrões que se repetem, na sua vida.

Porém, a terapia não é um processo linear em que existem formulas mágicas. Sim, a terapia é um ato de coragem, nem sempre fácil, mas que depende muito de si. E também é certo que há dias em que vai querer desistir.

Mas aquilo que não o desafia, não o transforma. Não permite que saia da sua zona de conforto, não permite crescer, ultrapassar objetivos, vencer as barreiras que ergueu ao seu redor e que muitas vezes não são mais do que uma cortina de fumo que impede que veja a realidade, que afinal, não é assim tão assustadora.

No que diz respeito ao processo terapêutico, não se deixe iludir: a mudança ocorre quando, para além de pedir ajuda se predispõe a mudar atitudes e comportamentos, formas de pensar. É um processo, um comprometimento consigo próprio. Não apenas um comprimido para tomar em SOS (cuidado com os momentos em que, perante algumas melhorias, abandona o processo sem perceber a importância de cada etapa).

Pedir ajuda, só por si, também não é sinónimo de mudança. Muitas vezes, encontramos pessoas que até procuram ajuda, mas na realidade, não querem, não estão preparadas ou não têm recursos para tal. Ou, aquilo que pretendem é sobretudo uma validação de si mesmas e aí, muitas vezes, o foco torna-se tudo aquilo que a impede de melhorar a sua vida. Alterar padrões e gerar mudanças profundas implica compromisso. Implica um exercício de profunda empatia, compreensão e aceitação incondicional.

Às vezes, a vida sai dos trilhos para que possa ver e conhecer outros caminhos. Para que possa perceber que é capaz de fazer de forma diferente, sentir de forma diferente, olhar com outros olhos e ver o quanto tem sido capaz de caminhar, num caminho revelador, muitas vezes com avanços e outras tantas vezes com recuos. Mas sem deixar de acreditar na capacidade, no poder que tem para transformar a sua vida.

A mudança não ocorre da noite para o dia. Mas “não há noite que não termine em madrugada.”

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